sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

ANIVALDO PADILHA: SEMPRE NA LUTA PELA VERDADE!


Passei a noite insone pensando no meu querido amigo Anivaldo Padilha.
Enquanto a mídia faz essa campanha sórdida e mentirosa para atingi-lo da forma mais cínica e cruel, atentando contra sua moral ilibada, ele está la em numa cidade do interior de um estado, que nem vou dizer qual para eles não darem plantão ai, em sua luta incansável para que a verdade seja reestabelecida e que a verdade sobre o que ocorreu nos porões da ditadura sejam esclarecidas.
Todos nós fomos tomados de surpresa, eis que jamais cometeu os atos apontados por esse folhetim infame, que é mestre em destruir reputações.
A vida de Anivaldo sempre foi pautada na luta contra todo o tipo de opressão.
Sua história de vida é um exemplo para todos aqueles que estão lutando por um mundo melhor.
Minha indignação não tem tamanho.
A guerra suja daqueles que querem macular a imagem de um homem que é referência mundial na luta pelos direitos humanos só tem uma intenção: mostrar o desespero, porque sabem que Alexandre Padilha será o Governador de São Paulo e isso essa elite inescrupulosa aliada desde que o Brasil foi invadido nos momentos mais sangrentos de nossas história.
Tudo isso é fruto do trabalho de seu filho Alexandre, que por sua ideologia de médico humanista, para levar saúde a todos os excluídos de nosso país, mexeu com a classe mais privilegiada do país, a dos médicos! Fez com que milhares de brasileiros tivessem acesso às políticas públicas de saúde e mais, mostrou ao Brasil que não tem medo de enfrentar os poderosos do país!!!!
Seu filho, querido Anivaldo é fruto de duas pessoas que sempre estiveram ao lado dos mais pobres.
Não só o Alexandre é fruto de uma criação ideológica. Não vou citar o nome do nosso querido artista, para ele também ser poupado dessa campanha difamatória.
Seu trabalho é reverenciado no mundo todo, só aqui no brasil é que essa imprensa ordinária não reconhece.
Você é referência por onde andas, seja nos lugares mais remotos do Brasil ou em países onde essa imprensa tosca jamais terá seu trabalho reconhecido.
Nada, nem ninguém tira sua história de vida!
Para quem não conhece Anivaldo, vou reproduzir esse texto que é um testemunho de sua vida

ATO PÚBLICO DE REPATRIAÇÃO DOS DOCUMENTOS DO PROJETO BRASIL: NUNCA MAIS

REFLEXÕES SOBRE MEDIDAS DE VERDADE: DO BRASIL NUNCA MAIS A UMA COMISSÃO DA VERDADE.


Depoimento de Anivaldo Padilha


Dedico este depoimento à memória de Paulo Wright e Ivan Mota Dias (prebiterianos) e de Heleni Guariba (metodista), mortos sob torturas e desaparecidos; à memória de Celso e Fernando Cardoso da Silva, jovens metodistas presos comigo, e que já não se encontram mais entre nós; à memória de Richard Shaull, missionário americano presbiteriano, um dos que plantaram as sementes da Teologia da Libertação; e à memória de Brady Tyson, missionário americano metodista que nos viabilizou os laços com Martin Luther King, Jr.


Minhas primeiras palavras são de agradecimento pela honra que o a Procuradoria da República e Conselho Mundial de Igrejas me concederam ao me convidar para fazer este depoimento. Sinto-me honrado porque minha história, nos últimos 50 anos, está intimamente ligada ao CMI e ao movimento ecumênico. E o projeto “Brasil: Nunca Mais”, é um dos capítulos mais importantes da história da contribuição do movimento ecumênico brasileiro e internacional à luta pelos Direitos Humanos no Brasil.

O projeto “Brasil: Nunca Mais” só pode ser desenvolvido porque contou com um movimento ecumênico que se desenvolveu em nosso país a partir da primeira metade da década de 1950 quando, no seio do protestantismo, a Confederação Evangélica do Brasil, inspirada pelo CMI, criou o Setor de Responsabilidade Social, responsável por desenvolver uma série de reflexões sobre o papel da Igreja no Brasil, em um contexto de rápidas transformações sociais e políticas. Desse processo surge o Movimento Latino-Americano de Igreja e Sociedade (ISAL), que teve papel fundamental na organização do pensamento social ecumênico na América Latina.

Concomitantemente, a partir do início da década de 1960 a Igreja Católica Romana também sentia os efeitos renovadores trazidos pelo Papa João XXXIII, e pela primeira vez se abria para o ecumenismo.

Esses novos ares tiveram grande impacto nas igrejas, especialmente entre a juventude e intelectuais, estudantes, e pastores e padres jovens, levando-nos a construir processos de diálogo e de cooperação nas lutas pelas transformações sócio econômicas em nosso continente. É nesse processo que germinam as sementes do que veio a ser conhecida como Teologia da Libertação, tanto em suas vertentes protestante quanto católica.

Esse processo é interrompido temporariamente pelo golpe militar de 1964 que leva à prisão, à clandestinidade ou ao exílio grande parte das nossas lideranças e ao desmantelamento das nossas organizações, inclusive da Confederação Evangélica do Brasil.

O período pós-golpe significou re-aglutinar as pessoas, criar novas formas de organização e redefinir nosso papel. Com os novos ventos que sopraram da Conferência Episcopal Latino-Americana, em Medellín, em 1968, o movimento ecumênico ganha novo ímpeto e possibilita uma ação ecumênica mais efetiva com a adesão de grandes contingentes católicos. É importante destacar o papel do Centro Evangélico de Informação, fundado em 1965 (transformado em Centro Ecumênico de Documentação e Informação em 1975 e, a partir de 2004, em KOINONIA Presença Ecumênica e Serviço).

A partir do AI-5, quando a tortura é institucionalizada como método sistemático de interrogatório e instrumento de terror político do Estado, coube ao movimento ecumênico alimentar as redes ecumênicas internacionais com informações sobre o que se passava nos porões da ditadura e denunciar as torturas internacionalmente. Outra contribuição foi a criação de redes ecumênicas de apoio para proteger perseguidos políticos rumo ao exílio.

Foi como participante ativo desse movimento que fui preso na manhã do dia 28 de fevereiro de 1970, por agentes da OBAN, em São Paulo, principal centro de torturas do pais. Comigo foi presa também Eliana Rolemberg, que me assessorava em uma pesquisa que eu coordenava para a ULAJE sobre Juventude e Mudança Social na América Latina. Na época, eu exercia as funções de Secretario, para o Brasil, da ULAJE e de redator de uma revista mensal “Cruz de Malta”, da Igreja Metodista.

Ao chegarmos à OBAN, depois que Eliana e eu fomos separados, fui conduzido a uma sala para ser interrogado. Assim que a porta se fechou, recebi um soco no estômago, com tal violência, que caí e fiquei alguns segundos sem poder respirar. Começaram, então, a aplicar em mim o “telefone”, método de tortura que consiste em golpear os ouvidos da vítima com as duas mãos ao mesmo tempo, em formato côncavo. Os golpes foram repetidos várias vezes, seguidos de gritos para que eu confessasse ser membro de uma organização clandestina e que revelasse os nomes e endereços de todos os meus amigos. Após esse interrogatório fui levado a uma das celas.

Na parte da tarde, fui levado novamente para interrogatório. A partir desse momento, as torturas se intensificaram. Trouxeram Eliana, Celso e Fernando Cardoso da Silva, dois jovens metodistas como eu, que tinham sido presos também, e nos aplicaram golpes de “palmatória”, novamente o “telefone” e choques elétricos.

Depois de muito tempo de torturas, nos separaram e fui levado de volta à cela, já ao escurecer. Eu não havia ingerido nenhum alimento desde o café da manhã. Minha boca estava extremamente seca. Tinha a impressão de que minha língua ia rachar ou que minhas mucosas estavam se esfacelando. Pedi água e o carcereiro me respondeu: “não tenho autorização para dar água a presos que voltam do interrogatório. Beber água logo depois de levar choques pode matar”. Trouxeram a janta: sobras da comida do quartel trazidas em grandes caldeirões. Tive dificuldade para comer. Além da boca seca, minhas mãos estavam inchadas e eu mal conseguia segurar a colher. Ademais, eu tinha grande dificuldade para deglutir a comida composta de arroz, feijão e tomate picado Meu companheiro de cela insistiu para que eu comesse porque aquela era a única refeição diária. Às vezes, serviam o café da manhã, que consistia em uma pequena caneca de café com leite e um pãozinho. Conheci, naquele instante, uma outra forma de tortura: a fome. Não consegui dormir.

Tarde da noite, vieram me buscar novamente. Achavam que eu devia ser um comunista importante porque tinha relações internacionais, especialmente com o mundo ecumênico. E, segundo eles, esse era um movimento subversivo. Forçaram-me a tirar minha roupa e me colocaram na “cadeira do dragão”. Uma cadeira revestida com folhas de metal conectadas por um fio a um rádio militar de campanha. Fui colocado nu no assento com minhas mãos e pés amarrados. Exigiram que eu desse todas as informações que eu possuía. A cada negativa, o torturador girava a manivela do telefone para aumentar a intensidade dos choques. Para tornar os efeitos mais fortes, colocaram uma toalha úmida sob minhas nádegas. Os choques me provocavam convulsões e gritos. A sensação era de perda total de controle sobre minha capacidade mental, racional, e sobre os meus movimentos. Era insuportável!

Até aquele momento, eu não tinha informação sobre o que acontecia com Eliana ou com Celso e Fernando. De repente, percebi que Eliana estava também estava sendo torturada na sala ao lado. Podia ouvir seus gritos e suas recusas em cooperar com os torturadores.

De madrugada me levaram de volta à cela. O medo tomava conta de mim. Eu tinha medo de não conseguir resistir e acabar por revelar nomes e endereços de meus amigos e companheiros.

Pela primeira vez na minha vida me via confrontado pela possibilidade real e iminente de morrer. Como evitar esse desfecho? Ou como encará-lo com dignidade? Então, decidi que, já que morrer parecia inevitável, era melhor que isso acontecesse antes que novas torturas ocorressem. O suicídio parecia ser o único caminho. E, se cooperar era o preço para salvar minha vida, eu não conseguiria conviver com o profundo sentimento de culpa que certamente me acompanharia para sempre. Seria uma vida sem Vida! Procurei e não encontrei nada que eu pudesse usar para me suicidar e percebi que nem a opção do suicídio me era disponível. Eu estava só e à mercê dos torturadores!

Iniciei, então, um processo de revisão da minha vida. Lembrei-me, sobretudo, do meu desenvolvimento pessoal, na Igreja Metodista, baseado em uma espiritualidade encarnada no mundo e nas dores do meu próximo. E que foi essa espiritualidade que me levou a dedicar-me à solidariedade com os oprimidos e discriminados e à construção de um mundo mais justo, solidário e verdadeiramente democrático.

Tomei consciência, nesse momento, de que a minha vida não mais me pertencia pois eu a havia dedicado inteiramente às exigências da minha Fé. Matar-me seria como se eu estivesse a exigir a devolução de algo que eu havia doado. Minha vida pertencia a Deus. Tudo isso me fez encontrar as forças necessárias para resistir.

Eu era fisicamente muito fraco em relação aos torturadores e me perguntava: “por que usam tanta violência para me dominar”? Essa pergunta não saía da minha mente até que tudo começou a clarear. Eu tinha algo mais forte dentro de mim: o amor à Verdade, à Justiça, à Ética, e o compromisso com o povo, além do apoio de uma imensa comunidade que não se calava diante da tirania nem se deixava dominar pelas forças que haviam usurpado o poder em nosso país. Os torturadores eram fisicamente fortes, mas moralmente eu era mais forte e tinha condições de resistir.

Se eu tivesse que morrer, não não podia ser por ato voluntário. Que a ditadura assumisse a responsabilidade pela minha morte.

Entrei em um processo lento de tranqüilidade e de serenidade. Senti que eu estava me preparando para o que me parecia inevitável. O medo, ainda que presente de forma muito forte, não mais me dominava. Eu tinha me reencontrado com minha história e comigo mesmo. Já amanhecia e, finalmente, consegui dormir.

Mais tarde, ao ser levado para mais uma sessão de torturas, percebi que estava sofrendo de uma espécie de amnésia pois não conseguia me lembrar de praticamente nenhum dos meus companheiros. Os únicos nomes presentes na minha memória eram os de meus familiares imediatos. Minha memória havia se apagado seletivamente. Por isso, apesar da intensidade das torturas, eu não tinha como colaborar. Foi um fenômeno para o qual jamais encontrei explicação racional e conclusiva. Creio que o ser humano, quando se encontra em uma situação-limite, como eu me encontrava ali, é levado a buscar em suas profundezas aquela força divina que todos possuímos dentro de nós. E essa força não é monopóplio de cristãos ou de pessoas religiosas. Pude presenciar situações semelhantes de resistência por parte de companheiros ateus. Para mim, foi resultado da força daquela fé, qualquer fé, que há dentro de todos nós.

Os interrogatórios diários, acompanhados de torturas físicas (choques, cadeira do dragão, socos, palmatória) e morais (simulação de execução, saída de carro com ameaças de jogarem meu corpo na Serra do Mar, insultos, ser qualificado com palavras de baixíssimo calão, ameaças de torturarem meus pais etc) continuaram por muitos dias e depois diminuíram, até que, finalmente, fomos enviados ao DOPS para as formalidades policiais. Foram vinte dias diretos de “interrogatórios” na OBAN. No DOPS – depois de de enviados de volta a OBAN por duas vezes, Celso, Fernando e eu fomos indiciados na Lei de Segurança Nacional e enviados ao antigo Presídio Tiradentes. A acusação formal: “infiltração subversiva na Igreja Metodista”!!!. O próprio promotor não aceitou as bases para o nosso indiciamento e fomos colocados em liberdade.

Ao sair da prisão, sem condições de trabalhar e sob risco de nova prisão, tive que me exilar. Com o apoio do CMI e das redes ecumênicas de apoio, consegui chegar clandestinamente ao Uruguai, depois à Argentina e ao Chile. Após alguns meses, fui para os Estados Unidos com o apoio das igrejas protestantes daquele pais onde consegui reconstruir minha vida e continuar, no exterior, a luta contra a ditadura. Posteriormente, transferi-me para a Suíça. No total, passei 13 anos no exílio.

Por mais de seis anos tive pesadelos nos quais eu revivia as sessões de tortura. Os torturadores continuavam dentro de mim a me torturar. Eu tinha que vence-los. A luta foi longa até que percebi que compreendi que o caminho a seguir era o do perdão. Ao perdoa-los, consegui vencê-los. O perdão significou para mim um processo terapêutico. Há momentos que o perdão é mais importante para quem perdoa do que para quem é perdoado, mas isso no nível das relações inter-pessoais. Isso não significa compactuar com a impunidade. Os crimes cometidos não foram apenas contra mim. Foram contra a sociedade brasileira e a sociedade tem o direito de investiga-los e punir os responsáveis diretos e indiretos.

Termino com um apelo. Suponho que todos neste auditório sabem que a tortura era uma política de Estado. Por isso, é essencial o estabelecimento de uma comissão da verdade para investigar os crimes da ditadura, apontar quem são os torturadores, seus mandantes, seus colaboradores e apoiadores. A punição deles é importante para resgatar a dignidade dos que foram torturados, a dignidade da memória dos assassinados e desaparecidos e a dignidade das famílias que não puderam ainda sepultar seus entes queridos. Além disso, a impunidade contribui para que a tortura ainda seja praticada em larga escala nas delegacias e prisões brasileiras e para que outras formas de intolerância se fortaleçam em nosso país. Os que se opõem à abertura dos arquivos da ditadura e à divulgação da verdade e a punição dos que estabeleceram o Terror do Estado nos chamam de revanchistas. Revanche ou vingança seria tratá-los como nos trataram. Não, não queremos vingança, mas Justiça. Que sejam investigados, processados, garantindo a eles o devido processo e julgados pelas cortes do Estado de Direito e não por tribunais de exceção como fizeram conosco.

Em suma, a punição representaria o resgate da dignidade da sociedade brasileira que foi violentada por um regime autoritário.

Termino citando o profeta Jeremias: “quero trazer à memória o que me pode dar esperança” (Lam. 3.21) Minha esperança é que a memória desse passado contribua para que esse Brasil, nunca mais!

Muito obrigado


Anivaldo Padilha

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

EUA: Feche Guantánamo ! Por Erika Guevara Rosas

Centro de detenção militar da Baía de Guantánamo, em Cuba.
Por Erika Guevara Rosas, diretora para as Américas da Anistia Internacional
Um dos primeiros atos oficiais do presidente Barack Obama, em janeiro de 2009, foi assinar uma ordem executiva para fechar dentro de um ano o centro de detenção militar os EUA na Baía de Guantánamo, Cuba.
Após oito anos de detenções em Guantánamo, isto significava uma promessa de mudança. Mas a ordem não reconhecia as obrigações dos EUA quanto aos direitos humanos. A administração de Obama adotou a discutível “lei de Guerra”, e com isso não terminaram as indefinidas detenções.  
O dia 22 de janeiro de 2014 vai marcar cinco anos desde o decreto do Presidente Obama. Nesse meio tempo, a colônia penal continua a operar em um vácuo de direitos humanos.
As detenções em Guantánamo continuam a ser uma afronta aos princípios internacionais de direitos humanos e minam a credibilidade dos EUA. Enquanto o campo de prisioneiros entra em seu 13º ano, o mundo deve pedir prestação de contas aos EUA por deixar de cumprir os padrões internacionais de direitos humanos que tantas vezes exige dos outros.
Doze anos depois que os primeiros detentos foram levados para Guantánamo, amarrados como carga em um avião, mais de 150 continuam presos lá. Em sua maioria ainda não foram acusados ou julgados.
Entre os que ainda estão detidos em Guantánamo estão pessoas que deveriam ser julgadas por ligações com os ataques de 11 de setembro de 2001 ou outras violações graves dos direitos humanos. Respeitar o direito à Justiça das vítimas significa ter, há muitos anos, acusado e julgado essas pessoas em tribunais civis comuns.
Apesar de a Suprema Corte dos EUA ter decidido, há cinco anos e meio, que os presos de Guantánamo tinham o direito constitucional a uma audiência ‘sem demora’ para contestar a legalidade de suas detenções, alguns presos ainda não obtiveram habeas corpus
Na distorcida lógica jurídica de Guantánamo, até mesmo uma decisão judicial de que a detenção de uma pessoa é ilegal pode não significar sua libertação imediata. A transferência no último mês de três homens chineses de etnia uigur para a Eslováquia aconteceu mais de cinco anos depois de um juiz federal dos EUA ter deliberado que a sua detenção era ilegal. Se os EUA fizessem o que pedem aos outros países, trazer para os EUA presos libertados que não podem ser repatriados, os uigures poderiam ter sido soltos logo após a decisão judicial de seu caso.
Mais de 70 outros, a maioria iemenitas, receberam “aprovação para transferência”, mas, aos olhos dos EUA, a situação de segurança em seus países de origem e outras questões, adiaram a sua libertação. 
Alguns detentos aguardam julgamento sob um sistema de Comissão militar que não cumpre as normas internacionais de julgamento justo.
Seis deles correm risco no momento de ser condenados à morte. Dos quase 800 presos que ficaram detidos lá, apenas sete, menos de 1%, foram condenados por uma comissão militar. Cinco dos quais se declararam culpados no âmbito de acordos de pré-julgamento que prometiam uma possível saída da base.
Enquanto isso, a falta de uma prestação de contas, da verdade e de uma reparação pelas violações de direitos humanos cometidos contra os prisioneiros de Guantánamo, atuais e passadas, é uma dolorosa injustiça que deixa os EUA em violação grave das suas obrigações internacionais de direitos humanos.
Prisioneiros de Guantánamo foram torturados e submetidos a maus-tratos - seja em Guantánamo ou em outro lugar sob custódia dos EUA antes de chegar lá, inclusive "afogamento simulado ", mantidos em isolamento prolongado, e, mais recentemente, submetidos a procedimentos cruéis de alimentação forçada em represália a uma greve de fome em massa em protesto contra a sua detenção.
Nove detentos morreram sob custódia na base - dois de causas naturais e sete suicídios.
Se qualquer outro país fosse responsável por esse vácuo de direitos humanos, certamente atrairia a condenação dos EUA. Mas os EUA permitiram que continuassem as detenções em Guantánamo e a lacuna de responsabilização até mesmo enquanto alardeavam o seu compromisso com os direitos humanos.
Essa duplicidade não passou despercebida. Outros governos, especialistas da ONU e organizações não governamentais estão entre os que pediram o fim das detenções em Guantánamo.
Até mesmo o primeiro comandante das detenções na base, o agora aposentado Major General Michael Lehnert, disse recentemente que o centro de detenção de Guantánamo "não deveria ter sido criado". Em sua opinião, a detenção e as torturas lá tinham "dilapidado a boa vontade do mundo" depois dos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 nos EUA.
Fechar Guantánamo deve significar acabar com as violações que vieram a representar – simplesmente realocar é inaceitável. O mundo deve pressionar os EUA para acabar com sua errônea perspectiva jurídica de "guerra global".
O Congresso e a administração de Obama devem empenhar-se em uma estratégia de luta contra o terrorismo totalmente em conformidade com a legislação e as normas internacionais.
Não se pode colocar uma pedra em cima da questão de Guantánamo sem a plena responsabilização pelas violações de direitos humanos, incluindo crimes sob as leis internacionais, que foram cometidos na base e em outras partes nesta "guerra global ao terror" dos EUA.
Fechar o centro de detenção não vai gerar responsabilidade da noite para o dia. Mas isso continua a ser um importante - e necessário - passo na direção certa.

TRINCHEIRA DA RESISTÊNCIA E LUTA: ENTREVISTA COM PEDRO HENRICHS

Entrevista com Pedro Henrichs da Trincheira da Resistência.

Blog Maria Frô: Quem teve a ideia do Acampamento?
Pedro Paulo: No dia da chegada dos companheiros à Brasília (no feriado de 15 de novembro), após aquela performance midiática com jatinhos, esperávamos os companheiros na porta da PF e falamos que deveríamos sair dali e ir para frente da Papuda. Quando voltei para casa, tomei um banho e postei na minha página do Facebook que estava indo e que quem quisesse me acompanhar poderia ir que eu estaria esperando, foi aí que o João Paulo apareceu. Como ele estuda Direito, passamos a noite conversando sobre os erros da AP470. Mas quando iniciamos a vigília lá em frente à Papuda nunca imaginamos que se tornaria um movimento com tamanha adesão. Éramos apenas eu e o João Paulo naquele sábado, tomando um chimarrão. No domingo à tarde já começaram a chegar novos companheiros e aquilo foi se tornando um espaço de solidariedade e apoio, foi de fato se tornando um movimento. Não foi uma ideia premeditada, foi algo que foi acontecendo, as pessoas foram chegando e participando.
BMF: Quem organiza? Há um comando?
PP: Hoje mais de 2 meses que estamos acampados e manter um espaço como aquele por tanto tempo requer no mínimo organização. Não há um centro de comando, aonde alguém dá a ordem e os outros cumprem sem questionar. Há um espaço de deliberação coletiva e os que vivem a vida do acampamento opinam sobre seu dia a dia. Mas temos algumas referências, por exemplo, tem uns três que se encarregam de fazer a comunicação sobre o que acontece lá (o que nos ajuda muito quando somos atacados e temos a vida ameaçada), tem duas pessoas responsáveis por receber as doações e fazer as compras, mais duas que ficam responsáveis pela logística interna e em uma reunião que fizemos ontem à noite fiquei responsável por fazer o diálogo para fora do acampamento. Todas as pessoas que vão lá tem direito a dar opinião e sugestão e colocamos em discussão a viabilidade daquela proposta, como o farinhaço na Câmara, o baldaço no STF, uma roda de samba ou uma de formação política.
BMF: Quando o acampamento começou?
PP: Como respondi no primeiro item, ele começou sem ser pensado em um acampamento, pelo menos não na proporção que tomou (já tivemos momentos com 30 acampados lá). Penso que ele começou assim que foi decretada a prisão dos companheiros, que eu e todos e todas que aderiram a ideia, fizemos isso para mostrar solidariedade, porque por mais que os caras não nos vejam, não nos conheçam ou saibam quem somos, sabem que tem gente lá fora que abdicou da sua vida para prestar solidariedade diante das arbitrariedades da AP 470, que estamos ali em reconhecimento e gratidão por tudo o que esses caras fizeram pelo país, pela democracia brasileira e pelo Partido.
BMF: Se é um acampamento de solidariedade aos presos por que mudaram da Papuda para o STF?
PP: O acampamento tem uma função de existir. Nossa proposta em ficar em frente à Papuda era até que o Genoíno pudesse receber os cuidados médicos. Ali, apesar da hostilidade de alguns funcionários que passavam xingando, tínhamos a visibilidade que a imprensa proporciona e era extremamente mais seguro (aquele jovem de Águas Claras, cidade satélite de alto poder aquisitivo aqui, não teria tido coragem de ir lá com um canivete cortar nossas bandeiras se estivéssemos na Papuda, porque não teria rotas de fuga e a imprensa ficava à espreita na porta da Penitenciária, vigiando quem entrava e saía e incitando os familiares dos presos). É importante ressaltar que nunca recebemos hostilidade dos familiares dos presos, ao contrário, eles iam lá perguntar o que estávamos fazendo e conversavam sobre as condições dos seus familiares. Muitos diziam que talvez agora as pessoas iam olhar para a situação das pessoas dentro das cadeias, que nas condições que viviam era muito difícil se reabilitarem para viver em sociedade. Quando o Genoíno foi internado e logo depois recebeu autorização para ficar em regime domiciliar, sabíamos que era o momento de ir para outro lugar. Fomos para o quintal do STF para que todos e todas que passam pela Esplanada possam saber que tem gente que discorda dessa AP 470 e pede um novo julgamento e para os juízes responsáveis pelo Tribunal também terem ciência que apesar deles não serem escolhidos pelo povo, tem gente de olho no trabalho deles, exercendo o controle social, e estamos lá para apontar todas as falhas no processo.
BMF: Quantos são? O acampamento aumentou diminuiu?
PP: Nosso número é relativo, depende muito. Tem fins de semana que vem delegações de outros Estados, então ficamos lotados. Tem muitos que trabalham durante o dia e vão para lá à noite, fazer vigília. Mas nosso contingente sempre aumenta. Por questões de segurança prefiro não quantificar em quanto somos, até porque já recebemos muitos ataques e ameaças às nossas vidas.
BMF: Quem são vocês? O que mobiliza cada um de vocês a fazer isso?
PP: Na maior parte somos militantes de esquerda e dos movimentos sociais e o que nos motiva é desmontar essa farsa midiática que o STF criou junto da imprensa. Não posso responder por cada um, mas acredito que de modo geral o que motiva aquelas pessoas a estarem ali é não apenas mostrar solidariedade aos companheiros por tudo o que eles fizeram pelo país e pela nossa democracia, mas apontar também os erros que a nossa mais alta corte comete, inclusive com o criador da teoria do domínio de fato criticando o modo como sua teoria foi usada nesse processo e tantos outros grandes juristas que apontam as inúmeras falhas. Temos o entendimento que queriam condenar o Partido dos Trabalhadores e não podemos aceitar esse golpe.
BMF: Todos os acampados são de BSB? Vocês trabalham? Como mantêm um acampamento 24 horas por dia?
PP: Os que cuidam do acampamento são de Brasília, mas recebemos muitos companheiros de fora (como o Beto Mafra, militante petista de Belo Horizonte) o tempo todo. Os que trabalham cumprem sua jornada em seus respectivos empregos e voltam após o expediente. Os que não trabalham se revezam em cuidar do acampamento. Tem gente que vai lá pela manhã, tem gente que vai na hora do almoço e tem gente que só dá uma passada à noite. Mantemos o acampamento pela organização que criamos, aonde as pessoas vão chegando e colaborando sem precisar serem demandadas.
BMF: Quais são os custos? Há banners, as pessoas precisam de alimentação, precisam sobreviver dentro e fora do acampamento. De onde vem os recursos? De onde vem os recursos para cartazes como estes? Os familiares dos presos contribuem? O PT contribui?
Foto do cartaz extraído do Facebook
PP: Como não poderia falar em um movimento de solidariedade, sobrevivemos de solidariedade. Acredito inclusive que é a principal característica da esquerda, a solidariedade. Os custos são principalmente referentes à alimentação de quem está lá e água, os valores são depositados em uma poupança e fazemos um balancete para prestar contas. Recebemos doação do país inteiro, de dinheiro a presunto defumado. E também pedimos para as pessoas que temos relação, como no caso do banner, que foi uma doação. No geral, gerador, ônibus, tenda, barraca, fogão, jaca, panela, tudo doação ou empréstimo. Mas o nosso principal financiador foram as camisas que mandamos rodar e vendemos principalmente no Congresso do PT. Tivemos um custo de R$10 e vendemos por R$20 e tinha gente que pagava R$50, muita gente comprou várias para presentear em seus Estados. E as pessoas compravam porque elas não pagavam necessariamente por uma camisa, quando ela compra a camisa com a imagem dos caras, ela está automaticamente aderindo ao movimento, alimentando a roda, nos ajudando e elas sabem disso. Para não dizer que os familiares dos presos não contribuem, recebemos uma lentilha no ano novo da Miruna. Esse não é o foco do acampamento, ser financiado pelo PT ou pela família dos caras. Foi um movimento voluntário e sobrevive de voluntariado (tempo, dinheiro, braço, abraço), não teria lógica a família dos caras nos financiarem, não existiria razão de ser se fosse assim. O PT não se sente na obrigação de contribuir porque o movimento não é uma deliberação partidária, não foi pensado em nenhuma instância, apenas existe. Acontece independente da vontade do Partido.
BMF: Quanto tempo pretendem ficar?
PP: Creio que vamos ficar o tempo que for necessário. Se os caras nos dissessem que o Movimento os prejudica, nós iríamos embora. Mas não é o caso. Solidariedade de gabinete não é solidariedade. Você tem estampar na cara as suas convicções, ter coragem de defender seus pontos de vista e até mesmo de voltar atrás, se for o caso. Os e as parlamentares que os visitaram na cadeia viram as condições em que eles estavam se sensibilizaram, mas tem medo de se pronunciar na maioria dos casos. É medo da mídia distorcer tudo e as pessoas julgarem na rua, julgarem as suas famílias, como acontece com a gente que está no acampamento. As pessoas se sentem no direito de nos ofender e agora ser petista é sinônimo de ser mensaleiro. Antes diziam que a gente comia criancinha, depois que éramos baderneiros e agora somos todos ladrões. Escuto de tudo, mas não me dou ao trabalho de ler o que comentam nas matérias, até porque as pessoas hoje acham que a internet lhes dá direito de vomitarem qualquer coisa a qualquer hora, que isso é democracia. Mas estão errados, eu poderia processar várias, mas não o faço. Só aciono a polícia para as ameaças de morte que venho recebendo desde o jantar da AP 470.
BMF: O que esperam conseguir com esta ação?
PP: Penso que a gente espera que os erros que estão sendo apontados sejam analisados. Que os juristas e órgãos que já se pronunciaram sobre os erros e arbitrariedades sejam ouvidos, pelo bem da nossa democracia. É muito leviano uma juíza em seu voto dizer que não tem nenhuma prova, mas que vai condenar a pessoa porque a Lei permite que ela faça isso. O que foi feito com a inversão do ônus da prova abre um precedente perigoso na Justiça brasileira e sinceramente, ser pautado pela mídia não é ser isento para julgar ninguém. Vários direitos foram negados e vários erros cometidos. Há denúncias improcedentes, como o desvio do Visanet que já foi auditado pelo BB e nada foi encontrado. Colocam que foi desviado dinheiro público, mas se o Visanet é público a pergunta que fica é quando abre concurso para seleção de servidor. Várias publicações já estão sendo disponibilizadas para esclarecer as pessoas e tem um site com vários materiais.
BMF: Essa foi a primeira iniciativa em defesa dos condenados?
Não! No começo do ano passado organizei um jantar para arrecadar fundos para os hoje condenados na AP 470. Logo depois fui na OEA entregar um pedido de revisão da AP 470 e um representante esteve aqui questionando ao STF o que protocolei lá. Vários atos de esclarecimentos sobre a AP 470 foram realizados no país, principalmente pela juventude e pelos movimentos sociais.
 BMF: Você não tem nenhum receio de estar à frente de um movimento desse?
PP: Não. Apesar de ser ofendido, creio que as pessoas tem suas opiniões formadas e é um direito delas tê-las, lutamos muito para que hoje elas tivessem esse direito. Eu posso não concordar com o que falam, mas defendo o direito delas de falar, desde que esse direito não ultrapasse os meus, porque elas não têm o direito de me ofender nem atentar contra a minha vida ou da minha família. Nas manifestações em junho eu fui pra rua manifestar também e como as coisas estava muito soltas, acabei ficando à frente de algumas coisas e quase fui linchado quando a imprensa colocou que eu era o cara que tinha feito jantar pra mensaleiro. As pessoas acham que porque faço a defesa dos caras e sou do PT, não tenho direito de protestar contra as coisas que considero que mereçam ser revistas no país, mesmo o meu partido estando à frente do governo. O direito delas é superior ao meu e a sua limitação construída muitas vezes com o que a grande mídia diz faziam elas acreditarem que eu estava à mando de alguém, quando na verdade fui pra rua porque considerei que aquele movimento era legítimo e que eu deveria estar junto porque tenho insatisfação com as reformas estruturantes que deveriam ter sido promovidas e não foram. Fui ameaçado de morte e penso que a única coisa que passa na cabeça de uma pessoa que quer matar ou espancar outra porque ela pertence a um Partido, é o ódio, ódio de classe disfarçado de uma luta “sem partido”.
FONTE: MARIA FRÔ

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

O DIABO VESTE TOGA!!!!


O CANASTRÃO DA REPÚBLICA CONTINUA EM TOUR PELA EUROPA!!!
Ai vem com a conversa de que ele vai mostrar como funcionam as instituições brasileiras na visão dele é claro.
O que ele vai falar sobre a justiça brasileira?
QUE ELA É TÃO SELETIVA QUANTO ELE?
A Justiça ao longo dos anos mostra que há processos e processos.

O STF por exemplo deu Habeas Corpus para o estuprador Roger Abdelmassih que recebeu a maior condenação penal aplicada no Brasil uma pena de 278 anos de prisão. Sentença reconhece abusos sexuais contra 39 pacientes. Ele está cumprindo pena? Não né! Deve estar em algum paraíso sem tratado de extradição com o Brasil.

Cacciola, nem se fala, aquele que deu um rombo com seu Banco Marka só ficou descacciolado quando o pegaram em Mônaco. Resumindo, está livre por conta da idade. Para ele estatuto do idoso serve né?

Daniel Dantas, esse nem se fala, não sei quantos HC recebeu para ficar aí debochando da nossa cara na maior boa vida!!!!

Aí vem a AP470 a maior farsa já julgada no mundo!!! Primeiro porque não houve desvio de dinheiro público, coisa que o próprio Barbosa escondeu dos outros ministros, o Laudo 2828 elaborado pelo Instituto de Criminalística da Polícia Federal. O Laudo 2828 desmente por completo a espinha dorsal da acusação. E aí Pizzolato está no exílio para comprovar sua inocência! 
Na denúncia, que li totalmente, em seu final diz: "que condene José Dirceu de Oliveira e Silva para que sirva de exemplo à nação."
Condenação por exemplaridade? Estamos na Ditadura outra vez? Sim, estamos na ditadura togada, que condena nossos companheiros sem provas na maior cara de pau.

Quer dizer, se houve erros e esses reconhecidos, caixa dois de campanha porque o TRE não condenou e deixou prescrever o crime eleitoral. Simples, para condenar penalmente nossos companheiros e fazer esse carnaval midiático jurídico de interesses escusos!!!


Nossos companheiros foram presos sem o menor pudor pelo Diabo que Veste Toga, sem mandado, sem guia e mais sem carta de sentença.

O Diabo Veste Toga avisou à Globo antes e quando nossos companheiros se apresentaram, a Polícia Federal não sabia o que fazer, pois o que tinham conhecimento era o que estava na imprensa!!!!

Nossos companheiros foram submetidos a um carnaval midiático-jurídico por 17 horas, desfilando de avião de seus domicílios para  Brasilia para satisfazer o ego obeso e e mente anoréxica do Diabo Veste Toga.

Não satisfeito com tudo isso, pois já tinha, julgado, condenado e estava punindo nossos companheiros, começou o linchamento moral deles dentro do cárcere.

A situação que presenciamos no acampamento que fizemos na Papuda foi, da imprensa tentando jogar os familiares dos presos contra nossos companheiros e só conseguiram convencer meia dúzia. Esses que eles mostraram por horas a fio.

O Diabo Veste Toga em mais um de seus desvarios disse que haveria uma rebelião no Natal, o que se mostrou ser uma mentira deslavada com a finalidade de jogar os apenados de outros pavilhões que não são o que está agora somente José Dirceu, que não viam a situação real deles se voltassem contra. Não deu certo a mentira por conta da habilidade dos trabalhadores do presídio que não caíram nessa enredo policialesco de quinta categoria que o sujeito está a cada dia se enrolando mais.

Aí, agora vem a notícia que José Dirceu, mais uma vez está sendo linchado, pois, ficou comprovado que ele não utilizou celular, mas, o juiz filho de tucano do bico torto, capacho do Diabo Veste Toga, resolveu que, apesar de tudo que ficou demonstrado , vai investigar o uso do celular que não existiu para que José Dirceu não tenha direito à prioridade que o Estatuto do Idoso lhe confere. 

Então, o que mesmo o Diabo Veste Toga foi falar sobre instituições fora do país? Falar que a justiça condena sem provas e quando tem provas de inocência as escondem.

Nossos companheiros são pessoas públicas, então lhes rende os 15 minutos de fama. 

Se eles que são pessoas públicas são submetidos a esse tipo de perseguição, imagina pessoas comuns, que a qualquer hora depois do precedente que se abriu ao condenar sem provas, pode ser submetido.

Imagine o apenado que não é pessoa pública está passando por conta de uma justiça e um ministério público que são as instituições mais atrasadas do país!

Pensem, pessoas comuns como eu, que hoje são eles, amanhã pode ser qualquer um de nós!

Retrato da Justiça Brasileira a começar por sua mais alta corte: investiga (não é polícia, mas faz mal o papel), ajuda o mp na denúncia, o mp que deveria apenas acompanhar e denunciar, também investiga, julga sem provas e sem o menor pudor também, faz transmissão carnavalesca em tempo real junto com a globo, pune do jeito que bem quer, sem respeitar as leis vigentes no país (também revogaram garantias constitucionais para condenar) e promove o maior LINCHAMENTO JURÍDICO-MIDIÁTICO do nosso país!!!

Até o ultimo dia da minha vida vou lutar pelos direitos dos nossos companheiros!!!!

E um recadinho para o DIABO VESTE TOGA: PODE ME PROCESSAR, POIS NÃO HÁ UMA VÍRGULA DE MENTIRA NO QUE EU DISSE!!! ME PROCESSE QUE EU TE PROCESSO TAMBÉM E MAIS VOU PEDIR DANOS MORAIS!!!!

Por se tratar de uma opinião minha não publiquei no Guerreiros.

PS: ESSA FOTO FOI TIRADA DE MADRUGADA NO DIA EM A TRINCHEIRA FOI MONTADA EM FRENTE AO STF. VEJAM QUE HÁ DUAS JANELAS ACESAS. NO DIA SEGUINTE JOAQUIM BARBOSA RECEBEU O PREMIO INNOVARE QUE TEM EM SEU CONSELHO UM DOS ROBERTO MARINHO E AYRES BRITTO!!! TUTTI BUONNA GENTE!!!!

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

A União Europeia se aproxima da era do degelo em suas relações com Cuba.


Os 28 membros da UE concordaram em abrir negociações com o governo de Havana a partir do mês de fevereiro com o objetivo de pactuar um acordo bilateral.
 
Por Eduardo Febbro
 
Bruxelas – A União Europeia se aproxima da era do degelo em suas relações com Cuba. Quase vinte anos depois do bloqueio institucional vigente desde 1996, a UE se prepara para superar o último obstáculo que a separa de uma normalização de suas relações com o regime cubano por meio de um acordo bilateral. “É hora de a União Europeia reatualizar suas relações com Cuba na base dos desenvolvimentos em curso”. A frase pronunciada no princípio do mês na Ilha pelo ministro holandês de Relações Exteriores, Frans Timmermans, marcou o quase degelo público dessas relações controversas.
 
Em 1996, por iniciativa da Espanha do conservador José Maria Aznar, os europeus adotaram a chamada “posição comum” que condicionava qualquer diálogo institucional com a ilha a mudanças no campo dos direitos humanos e na direção de uma democracia pluralista. Depois, em pleno século XXI, apesar dos esforços de Espanha e França, a normalização das relações foi bloqueada por dois países membros do bloco que pertenceram à órbita comunista: Polônia e República Tcheca. Ambos os países levantaram seu veto e asseguram que hoje tem “garantias” no tema central dos direitos humanos.
 
Os europeus constatam duas coisas hoje: o fracasso dessa “posição comum” e as mudanças ocorridas na ilha. Os 28 membros da UE concordaram em abrir negociações com o governo de Havana a partir do mês de fevereiro com o objetivo de pactuar um acordo bilateral que poderia entrar em vigor em 2015. A última vez que a União Europeia suspendeu sua cooperação com Cuba foi em 2003, em protesto pela onda de prisões de membros da oposição, na qual 75 dissidentes foram condenados a fortes penas de prisão (hoje já liberados). Depois, quando o socialista José Luiz Rodríguez Zapatero assumiu as rédeas do governo na Espanha (2004-2011), ele conseguiu distender a atmosfera sem reconectar o diálogo pleno.
 
Mas o passo mais amplo foi dado em 2008, quando o conservador Nicolas Sarkozy presidia a França e lhe tocou a presidência semestral do grupo europeu. O mandatário francês reativou de fato a relação euro-cubana com um esquema de diálogo amparado no lema “respeito mútuo”.
 
Os 28 países parecem terminar de se render aos encantos da ilha e às possibilidades que se abrem com uma nova relação, sobretudo as econômicas.
 
Cuba resultou uma exceção absoluta na geometria variável da política externa europeia. A União Europeia mantinha relações abertas com quase todos os regimes repressores e jurássicos do planeta, mas fazia de Cuba um caso a parte. A sombra da submissão aos EUA ditou em muitos casos a política com o governo de Havana.
 
O caso cubano beira o absurdo e o cinismo. A União Europeia tem, de fato, duas políticas de “posição comum”: uma com Cuba e outra com a...Al Qaeda. Egito, Zimbabwe, Irã, Iraque, Síria, em suma, os outros poderes pouco ou nada democráticos nunca representaram problema. Cuba é o único país da terra ao qual Bruxelas aplica essa sanção. Mas os horizontes estão mudando.
 
Em Bruxelas, várias fontes confirmam que o aperto de mãos na África do Sul entre o presidente dos EUA, Barak Obama, e o cubano Raúl Castro durante os funerais de Nelson Mandela “teve um grande impacto e influenciou o rumo das decisões”. Em dezembro de 2012, a Europa começou a operar um giro importante. Segundo Bruxelas, um punhado de decisões e medidas adotadas na ilha abriu os espíritos: a introdução de mudanças na economia como a criação de cooperativas privadas, a abertura a investimentos exteriores, o exercício de atividades independentes, a maior liberdade de acesso à internet, a nova regulamentação para viajar ao exterior e a maior liberdade de movimento dos cidadãos.
 
As cifras nunca estão longe destas decisões. Bruxelas teme, concretamente, ficar fora da festa e da repartição do bolo caso o que na Europa se chama de “a transição cubana” desembocar em um modelo democrático sem reprovações. Cabe destacar que, apesar dos diálogos, rupturas e retomadas, a desatinada “posição comum” que rege as relações desde 1996 segue vigente. Isso, contudo, não impediu os europeus de fazer excelentes negócios. A UE é o primeiro investidor na ilha e o segundo sócio comercial (o primeiro é a Venezuela). O velho continente exporta para a ilha mercadorias no valor de 2 bilhões de euros. Essa política comum resulta tão mais aberrante na medida em que vários estados europeus já firmaram acordos bilaterais com a ilha.
 
Desde 2008, quinze estados europeus têm acordos desse tipo com Havana (a França entre eles). A história está sempre cheia de paradoxos. A “posição comum” é um instrumento que os próprios europeus descrevem como “insensata e aberrante”. Ela foi introduzida pelo direitista José María Aznar, do Partido Popular espanhol. Se o calendário de 2015 for cumprido, o acordo bilataral ocorrerá com um governante espanhol, Mariano Rajoy, pertencente ao mesmo partido de Aznar.
 
A União Europeia havia feito com Cuba uma espécie de exceção enlouquecida cujo único resultado foi piorar o que pretendia melhorar, enquanto, paralelamente, beneficiava outros países cujos dirigentes assinavam com sangue nas mãos vigorosos acordos em Bruxelas. Para estes não houve “posição comum”. Houve negócios comuns.
 
Tradução: Marco Aurélio Weissheimer
Fonte: Carta Maior

Quantos sábados o Iguatemi aguentaria fechado?


Há 57 anos uma negra chamada Rosa Parks deu um rolezinho sobre as prerrogativas dos brancos no transporte coletivo de Montgomey, nos EUA.

O Museu Henry Ford, em Detroit, nos EUA, guarda inúmeras relíquias  da história norte-americana sobre rodas.

O veículo no qual  Kennedy foi baleado  está lá.

Gigantescas locomotivas  que desbravaram a expansão ferroviária do país no século XIX ilustram em toneladas de ferro e aço  o sentido da expressão revolução metal-mecânica.

Perto delas os esqueléticos Fords-bigode que deram origem à indústria automobilística, de que Detroit foi a capital um dia, parecem moscas.

O museu abriga  também um centenário ônibus da ‎ National City Lines, de número 2857, um GM com o número  1132, que fazia a linha da Cleveland Avenue na cidade de Montgomery, no Alabama,  em  1 de dezembro de 1955.

A ocupação de um assento  naquele ônibus  mudaria  a história dos direitos civis nos EUA promovendo um salto na luta pela igualdade  entre negros e brancos no país.

O verdadeiro símbolo do episódio não é o velho GM, mas a costureira e ativista dos direitos dos negros, Rosa Park (1923-2005) que  naquela noite se recusou   a ceder o lugar a um branco.

Rosa tinha 40 quando desafiou a física do preconceito no Alabama dos anos  50, segundo a qual  brancos e negros não poderiam usufruir coletivamente do mesmo espaço, ao mesmo tempo.

Rosa Parks viveria mais 50 anos para contar e recontar esse rolezinho sobre as prerrogativas dos brancos , que transformaria  o velho GM em um centro de peregrinação política.

O último presidente a sentar-se no mesmo banco do qual ela só saiu presa  foi Barak Obama.

Em 2012 depois de alguns segundo em silencio no mesmo lugar, ele disse: ‘É preciso um gesto de coragem das pessoas comuns para mudar a história’.

Rosa Parks era uma pessoa comum até dizer basta a uma regra sagrada  da supremacia branca nos EUA.

Em pleno boom de crescimento do pós-guerra, quando  negros se integravam ao mercado de trabalho e de consumo norte-americano, eles não dispunham de espaço equivalente nem no plano político, nem nos espaços públicos, como o interior de um veículo de passageiros.

No Alabama os bancos da frente dos ônibus eram exclusivos dos brancos;  os do fundo destinavam-se  aos negros.

Detalhes evitavam o contato entre as peles de cores distintas: os negros compravam seu bilhete ingressando pela porta da frente, mas deveriam descer e embarcar pela do fundo.

À medida  em que os assentos da frente se esgotavam  os negros deveriam  ceder seu lugar a um novo passageiro branco que embarcasse no trajeto.

Rosa Parks estava fisicamente exausta  aquela noite  e há muitos anos cansada  da desigualdade que  humilhava sua gente.

Ela recusou a ordem do motorista e  não cedeu o lugar mesmo ameaçada. Sua prisão  gerou um boicote maciço dos negros de Montgomery.

Durante longos meses eles  que se recusaram a utilizar o transporte coletivo da cidade provocando atrasos nos locais de trabalho e prejuízos às empresas de transporte.

Milhões de panfletos explicativos  seriam distribuídos diariamente; de forma pacífica,  grupos de ativistas vasculhavam os pontos de ônibus da cidade para convencer  negros a aderi ao boicote.

Quase um ano depois  a lei da segregação dentro dos  ônibus foi extinta.

Neste sábado, um dos shoppings mais luxuosos de SP , o Iguatemi JK, cerrou as portas para impedir  que movimentos sociais fizessem ali um protesto contra a discriminação em relação aos pobres.

O Iguatemi foi um dos pioneiros a obter liminar na Justiça de SP autorizando  seguranças a selecionar o ingresso de clientes  para barrar a juventude dos rolezinhos - marcadamente composta de  jovens da periferia,  pretos, mestiços e pobres.

A memória dos acontecimentos de 57 anos atrás em Montgomery convida a perguntar :

 - A exemplo das transportadoras racistas do Alabama, quantos sábados o Iguatemi aguentaria de portas cerradas, cercado por manifestações pacíficas  e desidratado pela fuga de seus clientes tradicionais?


Por Saul Leblon em Carta maior!


NOTA DA BLOGUEIRA: Uma mulher negra fazendo a diferença entre deixar-se humilhar ou ousar lutar por seus direitos.
Ousou lutar e venceu ao se recusar a dar lugar para um branco no ônibus!
Arregacemos nossas mangas em busca de nossos direitos, eles nos pertencem, não temos que pedir, temos que tomá-los!!!!